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Chernobyl: O Impacto Econômico e Energético de um Desastre Nuclear



A explosão do reator 4 da usina de Chernobyl, no dia 26 de abril de 1986, não foi apenas uma tragédia local — foi um divisor de águas na forma como o mundo enxerga os riscos e a segurança da energia nuclear. O acidente ocorrido na então União Soviética expôs falhas graves na gestão de riscos tecnológicos e gerou um alerta global sobre os riscos estruturais associados à energia nuclear, que estava em ascensão na época devido ao seu potencial de eficiência energética. Nesse contexto, houve um grande movimento de desinvestimento em usinas nucleares e de disseminação de riscos envolvidos em projetos dessa natureza. Porém, como o acidente impactou diretamente nas cadeias produtivas e decisões geopolíticas em grande escala até ao cenário atual?


O Setor Energético Antes de Chernobyl


Os anos 1970 foram marcados pela Guerra Fria, um conflito indireto entre as maiores potências do mundo – EUA e URSS – que alterou completamente a dinâmica energética até então. Os dois lados da guerra, oriental e ocidental, precisavam superar um ao outro em uma corrida armamentista, baseada em poder e influência, passando a investir fortemente em inovações tecnológicas e bélicas, o que aumentou exponencialmente a demanda por energia na época. Nesse sentido, os combustíveis fósseis, com destaque para o petróleo, carvão e gás natural, foram ainda mais explorados e tiveram seu domínio reforçado com 94% da matriz energética. No entanto, em 1973, com a primeira crise do petróleo, os países começaram a buscar fontes de energia alternativas facilmente escaláveis para que não precisassem mais depender dessa matriz economicamente instável e dependente da política. Para além disso, desde a descoberta da radioatividade por Marie Curie em 1897 e de como gerar energia a partir de átomos, os blocos socialista e capitalista começaram a aprofundar suas pesquisas sobre fusão e fissão nuclear, viabilizando assim o desenvolvimento de bombas atômicas. Nesse cenário, foi descoberto que também era possível canalizar essa força gerada na fissão em energia e, assim, surgiram as primeiras usinas nucleares ao redor do mundo.


Essa matriz energética ganhou força por todas as suas facilidades estratégicas, a exemplo da independência de características geográficas específicas, da falta de necessidade de um grande espaço para a construção da usina e, principalmente, do potencial de energia gerado. Assim, em uma conjuntura de muita propaganda política para enaltecer o próprio lado da guerra, a URSS construiu usinas como a de Chernobyl e lançou campanhas massivas de propaganda para conquistar a opinião pública, que logo se mostrou favorável à inovação.



Apesar do entusiasmo dos governos, o avanço da energia nuclear não ocorreu sem resistência. Desde o fim dos anos 1970, a opinião pública, principalmente no ocidente, passou a demonstrar uma crescente preocupação com a segurança das usinas e com os riscos associados à radiação e ao descarte de resíduos. O acidente de Three Mile Island, em 1979, nos EUA, foi um divisor de águas para o bloco capitalista, no qual houve um vazamento de material radioativo causado por uma falha em um dos reatores, o que ocasionou grande cobertura negativa da mídia. Embora sem nenhum aviso oficial, o pânico social foi tão expressivo que mais 100 mil habitantes evacuaram a localidade no dia. Mesmo sem vítimas diretas e alterações significativas no ar, esse medo provocou uma queda brusca no apoio da população à energia nuclear principalmente no lado ocidental. Sendo assim, nos anos seguintes, protestos com dezenas de milhares de participantes ocorreram em países como a Alemanha Ocidental e os EUA, refletindo o fortalecimento de movimentos antinucleares. Um exemplo, foi a marcha em Washington que movimentou mais de 120 mil pessoas contra a energia nuclear. Inicialmente esses protestos não foram tão efetivos, mas com o tempo, passaram a representar resistência e mudanças para as matrizes. 


Porém, ainda assim, a maioria dos projetos nucleares continuou em andamento, especialmente em países com regimes mais centralizados e autoritários e aqueles que foram menos afetados diretamente pelo acidente nos EUA, como a França e a URSS. A combinação do otimismo tecnológico e desconfiança pública criou um cenário ambíguo: de um lado, governos viam a matriz nuclear como eixo estratégico; de outro, a pressão social por maior regulação e cautela ganhava força. No entanto, essa dúvida entre as opiniões foi rompida de forma abrupta em abril de 1986, com o acidente de Chernobyl. 



O Acidente de Chernobyl


O desastre de Chernobyl foi resultado direto de falhas operacionais graves combinadas a um projeto tecnológico deficiente e a uma cultura organizacional marcada pelo sigilo e pela rigidez hierárquica. Na madrugada de 26 de abril de 1986, durante um teste mal planejado no Reator 4 da usina, trabalhadores pouco treinados desligaram sistemas de segurança e violaram protocolos críticos, operando o reator de forma instável e fora dos limites seguros. Isso porque o reator RBMK-1000, de concepção soviética, possuía instabilidades conhecidas, como o coeficiente de vazio positivo — característica que fazia com que, em certas condições, o aumento da temperatura da água acelerasse a reação nuclear em vez de reduzi-la, um risco incomum em modelos ocidentais. Quando o botão de emergência foi acionado, um pico súbito de reatividade provocou uma explosão de vapor, seguida por uma detonação que destruiu a estrutura do reator e lançou material radioativo na atmosfera, iniciando um incêndio de grafite de difícil controle. Dessa forma, o acidente revelou um sistema em que o medo de punições, a falta de autonomia operacional e a ocultação de falhas impediam que riscos fossem comunicados ou que ordens inseguras fossem questionadas — agravando de forma decisiva a catástrofe.


As consequências imediatas foram devastadoras, exigindo ações emergenciais em larga escala. Cerca de 36 horas após o acidente, a cidade de Pripyat, com quase 50 mil habitantes — a maioria trabalhadores da usina e seus familiares —, foi evacuada. Nas semanas seguintes, cerca de 116 mil pessoas foram removidas da zona de exclusão de 30 km, raio que foi inicialmente reconhecido como inabitável, número que subiu para mais de 350 mil km nos anos seguintes. Para conter o desastre, o governo soviético mobilizou cerca de 600 mil “liquidadores”¹ pelos 3 anos seguintes, que atuaram na limpeza da área, construção de um sarcófago² de contenção e outras tarefas de risco elevado. 


Como consequência, essas ações emergenciais tiveram um custo financeiro imediato enorme: entre 1986 e 1989, a União Soviética gastou cerca de US$ 12,6 bilhões, valor que corrigido pela inflação equivale a mais de US$ 31,5 bilhões atualmente. Especialmente nas regiões da Ucrânia e da Bielorrússia, que destinaram entre 5% e 22% de seus orçamentos anuais, ao longo de diferentes períodos, exclusivamente para lidar com os efeitos do desastre. Para dimensionar o impacto, isso representou aproximadamente 1,25% do PIB anual soviético da época, um ônus considerável para uma economia já fragilizada. Além disso, na Ucrânia, a perda direta do Reator 4 e a paralisação gradual dos outros reatores de Chernobyl comprometeram a capacidade energética do país, visto que a usina afetada representava 10% da matriz ucraniana, levando a quedas de produção e maior dependência de combustíveis fósseis. Em 2006, Mikhail Gorbachev, último líder da URSS, afirmou em um artigo publicado pelo jornal Der Standard que o desastre contribuiu significativamente para a crise econômica que levou à dissolução da União Soviética.


Além disso, Chernobyl deixou um legado humano e social profundo. No total, mais de 500 mil pessoas foram permanentemente deslocadas, perdendo lares, comunidades e meios de subsistência. O retorno nunca foi possível: ainda há níveis de radiação que impedem a permanência humana segura por mais de 24 horas, devido à dose acumulada de exposição. Outrossim, os efeitos psicológicos também foram severos: medo, estigmatização, depressão e transtornos psiquiátricos afetaram milhões, provocando uma crise de bem-estar social. Para mitigar os impactos, governos criaram sistemas de compensação, pensões e cuidados médicos, que, por décadas, drenaram orçamentos públicos.


Impactos Sistêmicos em Outros Setores


Os efeitos de Chernobyl não se limitaram à esfera da geração de energia. O desastre teve consequências amplas e interligadas em setores como saúde pública, finanças estatais, agricultura, indústria e urbanismo. A contaminação em larga escala e a resposta emergencial envolveram custos econômicos e sociais que afetaram cadeias produtivas inteiras, comprometeram a coesão territorial e impuseram pressões orçamentárias prolongadas aos Estados afetados


1. Saúde e Finanças Públicas


O desastre de Chernobyl não apenas impôs um pesado fardo sanitário e social, mas também provocou transformações significativas no setor de saúde dos países afetados. A necessidade urgente de lidar com os efeitos da radiação levou à expansão de infraestruturas médicas, à especialização de profissionais e ao desenvolvimento de novas áreas de pesquisa.​ Após o acidente por volta de 9500 centros de saúde e ambulatórios foram construídos, além de novos hospitais, totalizando quase 5000 leitos a mais no país. Dentre eles, muitos foram construídos para tratar especificamente doenças relacionadas à radiação, como o câncer de tireoide, que teve um aumento significativo entre crianças e adolescentes expostos ao iodo-131 liberado durante o acidente. Além disso, programas de triagem e monitoramento de saúde foram implementados em larga escala, exigindo a formação de profissionais em radiologia, endocrinologia e outras especialidades médicas, que também vieram de outros países.


​A demanda por diagnósticos precisos e tratamentos eficazes impulsionou investimentos em tecnologias médicas e pesquisas científicas. Instituições de pesquisa e universidades intensificaram estudos sobre os efeitos da radiação no corpo humano, levando a avanços na biomedicina e na compreensão de doenças induzidas por radiação. Um exemplo notável é o estudo publicado na revista Science em 2021, que analisou o DNA de crianças cujos pais foram expostos à radiação de Chernobyl e não encontrou evidências de mutações genéticas herdadas, oferecendo dados tranquilizadores para as gerações seguintes . Essas mudanças estruturais no setor de saúde, embora motivadas por uma tragédia, resultaram em um legado de conhecimento e capacidades médicas aprimoradas, que continuam a beneficiar a população até hoje.

 

2. Agricultura e Segurança Alimentar


Para além da saúde, o desastre de Chernobyl contaminou cerca de 125 mil km² de terras na antiga URSS, afetando diretamente mais de 50 mil km² — o que equivale a cerca de 7 milhões de campos de futebol profissionais — de áreas agrícolas produtivas e valiosas. A Ucrânia é 65% composta por Chernozem, ou seja, terras repletas de nutrientes e, assim, extremamente férteis, o que confere um potencial agrícola superior à maior parte dos demais países europeus. O depósito de partículas radioativas, especialmente césio-137 e estrôncio-90, impossibilitou o cultivo seguro em vastas regiões por décadas. 


Com isso, a produção de alimentos foi interrompida ou severamente limitada em zonas inteiras, com colheitas perdidas e rebanhos abatidos. Na Bielorrússia, por exemplo, mais de 2.600 km² de terras continuavam fora de uso agrícola oito anos após o acidente. Os prejuízos não se limitaram ao abastecimento interno — produtos agrícolas do Leste Europeu passaram a ser rejeitados no mercado internacional. A União Europeia e outros blocos comerciais impuseram embargos imediatos e prolongados a alimentos da região, afetando exportações e receita cambial dos países envolvidos.



Mesmo em áreas com níveis moderados de contaminação, o estigma do “alimento de Chernobyl” se instalou. Consumidores europeus passaram a evitar produtos oriundos da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, mesmo após testes e certificações sanitárias. O medo de contaminação persistente levou à imposição de controles rigorosos sobre carnes, leite, cogumelos e mel silvestre, com países como o Reino Unido mantendo restrições sanitárias até 2012. Essa desconfiança generalizada minou o valor comercial dos produtos agropecuários da região. Embora medidas como o uso de fertilizantes especiais e aditivos na ração animal tenham reduzido a absorção de radionuclídeos, o aumento dos custos de produção e a resistência dos mercados continuaram a limitar a competitividade agrícola do Leste Europeu nas décadas seguintes.


3. Indústria e Comércio


Ainda, o acidente de Chernobyl paralisou instantaneamente a atividade econômica em uma vasta região, afetando diretamente fábricas, fazendas, serrarias e infraestruturas que estavam dentro ou próximas à zona de exclusão. Na área de 2.830 km² ao redor da usina — especialmente nos arredores de Pripyat e Chernobyl — pelo menos uma dúzia de instalações industriais e agroindustriais foram permanentemente fechadas, incluindo uma metalúrgica, uma fábrica de telecomunicações, serrarias e usinas de processamento de alimentos. Mais de 350 km de estradas pavimentadas, redes de água e energia também foram inutilizadas. Esses fechamentos abruptos eliminaram aproximadamente 60.000 postos de trabalho, interromperam cadeias produtivas locais e desarticularam a economia das regiões mais contaminadas, que já eram dependentes de pequenas indústrias e da agricultura.


Nessa conjuntura, estudos da Comissão Econômica para a Europa da ONU estimam que, apenas na Ucrânia e na Bielorrússia, o desastre provocou uma redução combinada de até 3% no PIB ao longo dos primeiros cinco anos pós-acidente. Além da perda produtiva interna, houve restrições comerciais externas que ampliaram o impacto: produtos de áreas contaminadas enfrentaram barreiras técnicas e desconfiança no comércio internacional. Mesmo setores que não lidavam diretamente com alimentos — como madeira, papel e couro — sofreram prejuízos pela exigência da União Europeia de testes radiológicos e certificações adicionais, que aumentavam os custos e atrasavam o comércio. A consequência foi o isolamento comercial de várias regiões e o colapso parcial de suas economias locais, especialmente nas décadas seguintes ao acidente.



Redirecionamento do Setor Energético Mundial


O acidente de Chernobyl abalou seriamente a confiança da opinião pública e dos responsáveis pelas políticas sobre a energia nuclear. O mundo assistiu, em tempo real, o colapso de uma usina atômica e a liberação descontrolada de radiação em larga escala, que deixou 10.000 mortos nos primeiros anos após o acidente, segundo a ONU. Com isso, em diversos países, como Alemanha Ocidental e Itália, protestos maiores e mais intensos tomaram as ruas e a desconfiança da população se traduziu em pressões políticas por moratórias, suspensão de projetos e fechamento de reatores, intensificando as opiniões que já estavam sendo estabelecidas após o acidente de Three Mile Island.


No Ocidente, a maior parte dos países perdeu a confiança nessa matriz energética, o que fez com que houvesse um abandono completo das usinas até os dias atuais em países como Alemanha e Itália. A resposta institucional ao acidente envolveu uma revisão profunda das normas de segurança nuclear, tanto em nível nacional quanto internacional. O conceito de “cultura de segurança” foi incorporado formalmente às diretrizes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), destacando que falhas humanas, organizacionais e regulatórias podem ser tão perigosas quanto falhas técnicas. Nos Estados Unidos, embora os reatores já tivessem contenção robusta, a Comissão Reguladora Nuclear (NRC) emitiu novos relatórios com diretrizes operacionais e organizacionais reforçadas.


Em paralelo, na União Soviética, medidas para maximizar a segurança foram adotadas. Assim, a URSS promoveu reformas importantes: criou uma agência reguladora nuclear independente, redesenhou elementos críticos dos reatores RBMK (como as hastes de controle) e implementou shutdowns² automáticos mais eficientes. Por outro lado, países como Polônia e Áustria também abandonaram seus programas nucleares, ainda embrionários. 


Além disso, surgiram iniciativas de cooperação internacional inéditas, como as convenções da AIEA para notificação e assistência em caso de acidentes e a criação da WANO (World Association of Nuclear Operators), que promove auditorias cruzadas entre operadoras de usinas. Dessa forma, essas medidas marcaram um novo patamar de vigilância, cooperação e rigor técnico na regulação da energia nuclear.


Nesse contexto, entre 1986 e meados dos anos 2000, no ocidente, nenhum novo reator foi iniciado, e dezenas de projetos em fase de planejamento ou construção foram cancelados. Com a estagnação da energia nuclear, muitos países redirecionaram investimentos para outras fontes de energia para manter a segurança do suprimento elétrico. No curto prazo, a solução predominante foi expandir o uso de usinas térmicas fósseis — carvão, óleo combustível e, principalmente, gás natural. Esses ajustes, embora eficazes, aumentaram a dependência de combustíveis não renováveis e, em alguns casos, elevaram os preços da energia. Além disso, as emissões de carbono globais aumentaram em 6% segundo estudos do Instituto Tony Blair, o que marcou um retrocesso temporário nas metas de descarbonização de acordos climáticos como o Rio 92 (1992) e Protocolo de Kyoto (1997).


No entanto, a longo prazo, os combustíveis fósseis - remediação imediata da regressão nuclear - acabaram abrindo caminho para o avanço robusto das energias renováveis, especialmente a energia eólica. Esse movimento foi impulsionado por dois fatores principais: a crescente pressão por uma matriz menos poluente e a busca por segurança e autossuficiência energética, reativada após a crise de confiança provocada por Chernobyl. A partir dos anos 1990, países europeus passaram a investir pesadamente em fontes renováveis, com destaque para a Alemanha e a Dinamarca, que se tornaram líderes globais em energia eólica graças a políticas públicas como tarifas incentivadas (feed-in tariffs) e metas climáticas obrigatórias. 


Apenas entre 2000 e 2010, a capacidade instalada de energia eólica na União Europeia cresceu mais de 500%, gerando centenas de milhares de empregos e fomentando cadeias produtivas nacionais de turbinas, materiais compostos e serviços especializados. Dados globais mostram que a participação da energia nuclear na geração elétrica mundial caiu de 17,4% em 1995 para menos de 9% em 2023, enquanto as fontes renováveis superaram a nuclear. A reorganização e diversificação da matriz energética mundial, com ganhos econômicos concretos para setores ligados às renováveis, é um dos efeitos mais estruturais e duradouros de Chernobyl sobre a economia da energia.



Desdobramentos Contemporâneos


O impacto de Chernobyl ainda reverbera em decisões tomadas hoje, nesse sentido, entender o que ocorreu não é apenas revisitar um desastre do passado, é reconhecer como catástrofes moldam o futuro da política energética global. O reforço global das normas de segurança, a criação de instâncias multilaterais de cooperação regulatória e a maior exigência de transparência nos projetos energéticos nasceram ali. A hesitação atual de muitos países em expandir seus parques nucleares — mesmo diante da pressão climática — tem raízes diretas nesse trauma histórico. 


Essa reverberação histórica é ainda mais evidente ao analisar a atual matriz energética da Ucrânia, país que herdou o trauma e os reatores da tragédia de 1986. Mesmo após Chernobyl, a energia nuclear continuou sendo o pilar da eletricidade ucraniana, responsável por mais de 50% da geração nacional. A contradição é clara: o país mais marcado pelo maior desastre nuclear, com liberação de 400 vezes mais material radioativo que o acontecimento da bomba de Hiroshima, segue altamente dependente da fonte que simboliza seu maior colapso ambiental e social. Em tempos de guerra, essa dependência se torna ainda mais frágil — como mostra a ocupação da usina de Zaporizhzhia, sob constante risco estrutural e geopolítico. Sendo assim, Chernobyl não é apenas passado: é um alerta ainda ativo sobre as complexas escolhas energéticas diante de pressões por segurança, soberania e sustentabilidade.


Glossário

  1. liquidadores: equipes mobilizadas para conter o desastre de Chernobyl, que foram expostas a altos níveis de radiação

  2. sarcófago: estruturas de concreto criadas para aterrar o material radioativo e evitar mais poluição atmosférica

  3. shutdowns: desativações de reatores nucleares temporárias ou definitivas após o acidente de Chernobyl


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